Não adianta fazer yoga e não cumprimentar o porteiro — uma conversa honesta sobre negócios de impacto
Tem um assunto que eu atuo já há alguns anos e que cada vez mais está se tornando mais mainstream ou comum que são os chamados negócios de impacto.
Se você está ouvindo isso pela primeira vez, eu te explico o que são: são negócios que além de lucro trazem algum tipo de impacto positivo social ou ambiental.
Exemplo: o açaí da palmeira Juçara ou Içara — aquela que até pouco tempo atrás a gente consumia o palmito e que é uma espécie ameaçada de extinção. Ao consumirmos o açaí a gente garante que a floresta fique de pé pois consumimos seus frutos e não o caule. Além disso a espécie é muito importante para o bioma da mata atlântica — o mais devastado no Brasil — por conta dos animais coletores e outros motivos. Em resumo: mais esse negócio próspera, mais a regeneração da mata atlântica próspera.
Mas… nem todos os negócios ditos de impacto são tão bons assim. Assim como tudo há que se separar o joio e o trigo.
O mesmo vale para as estratégias de grandes organizações ligadas ao ESG (ambiental, social e governança). Às vezes a intenção pode ser boa mas a execução é falha. Ou na maioria das vezes o objetivo é mídia e na essência não gera a transformação prometida porque está descolado da real necessidade social ou do planeta.
Ainda bem que existem bons exemplos nesse meio do caminho para seguir inspirando.
A reflexão que eu faço sobre negócios de impacto é essa que dá o título do artigo: não adianta falar em impacto se não começamos pelo comprometimento individual de nossa transformação profunda enquanto pessoa.
Então, se o compromisso com um mundo melhor faz parte da sua vida — seja esse compromisso pelo motivo que for: amar a vida, futuro dos seus filhos, se sentir responsável — ele começa dentro de nós.
Não há como dissocia-lo da jornada de autoconhecimento. Irá nos demandar investir em olhar para nossos pontos de sombra e fraquezas, será preciso coragem para manter-se vigilante e não deixar que nosso ego nos trapaceie. E essa jornada é um continuum: quanto mais caminhamos nessa direção, mais nos aprofundamos e descobrimos que há mais a aprender.
Mas… que essas palavras não te soem com um desafio inatingível que deixem no comodismo de não tentar porque é difícil. Afinal, essa missão de saber quem somos e colocar nossos dons e talentos para servir ao mundo é nossa grande missão. Justamente aí está o pulo do gato dos negócios de impacto: se a gente descobre quem e quais os nossos dons que são capazes de fazer do mundo um lugar melhor, um sopro de esperança nos toca e renovamos a energia para seguir em frente.
Portanto, os negócios de impacto podem sim ser uma ferramenta potente de transformação do mundo. Mas, desde que a gente se mantenha centrado na nossa humildade e lembrando que nosso propósito é servir ao próximo e respeitar/regenerar/proteger os recursos finitos de um planeta vivo.
Três coisas me apoiam nessa jornada de manter a esperança viva e o ego no devido lugar:
- a primeira é investir autoconhecimento: mentorias, leituras, meditação (ouvir a voz interna é maior das artes) e em tempo na natureza.
- a segunda é manter registros de locais e pessoas que vivificam valores que acredito.
- a terceira: participar e criar grupos e espaços onde podemos debater sobre isso com total confiança e sem julgamento.
Um mundo melhor depende das nossas escolhas. Aqui e agora. 🧡