Pela retomada do direito de sonhar

Em Dezembro do ano passado recebi um aceite de uma proposta de projeto de educação ligado à formação de comunidades. Respirei fundo. Era final do ano e eu já estava exausta.

Um pensamento me veio: Carol você só pode estar louca aceitando isso agora.

Outro pensamento veio logo em seguida: impossível não aceitar um projeto de educação transformadora e aprender com ele.

Hoje estou aqui, na primeira segunda feira útil do ano organizando as mais de 20 horas de entrevistas em profundidade e um arrepio me percorreu.

Arrepios são “sims” silenciosos.

Cada vez mais eu entendo que meu trabalho em Nova Economia é sempre sobre educação transformadora— propondo que a gente percorra novas alamedas que não as já percorridas e que com isso retomemos o sentido do que significa comunidade:

Comunidade é sobre criar um espaço de generosidade onde os dons e talentos individuais podem emergir.

Comunidade é formada por um tecido social no qual as pessoas genuinamente se importam umas com as outras.

Tecido social no qual o medo é substituído pela confiança e com isso cada indivíduo pode reconhecer seu papel e assumir a liderança com auto-responsabilidade.

É aonde os sonhos individuais tem espaço para florescer e onde há espaço para os sonhos coletivos.

Comunidade é sobre se sentir pertencendo a algo maior que nosso individualismo e ter vontade de exercer o direito de participar, ocupando a pista de dança.

Confesso que estava em silêncio visualizando e intencionando meu 2021. Mas, esse arrepio me deu vontade de quebrar o silêncio e escrever sobre meus desejos a você nesse ano que inicia: o primeiro deles é que você retome o seu direito a sonhar.

A verdadeira vulnerabilidade social é não ter direito ao sonho. Sem sonhos estamos presos no imediatismo. Sem sonho não tem brilho no olho para levantar pela manhã e construir uma nova realidade.

O segundo é que você reforce os elos de comunidade em todas as suas relações. Que você esteja cercado de quem realmente importa e que você se importa. Pode ser uma, dez, cem ou mil pessoas. O que importa é que vocês tenham espaços para compartilhar seus sonhos. Quando a gente experimenta um sonho compartilhado realizado a gente tangencia uma outra dimensão: a dimensão de se realizar no outro. A gente transcende o individualismo, o egoísmo.

Isso tudo inicia com dedicar tempo individualmente para sonhar nossos sonhos individuais, em seguida para realizá-los e aos poucos vamos tomando a coragem de verbalizar outros sonhos… Quando a gente manifesta um sonho comunicando ele a alguém há uma magia que acontece que ele encontra as pessoas certas que compartilham dos mesmos sonhos e que são corajosas o suficiente para escolher realizar juntas.

O meu sonho manifestado é que juntos possamos sonhar e realizar muito em 2021 rumo a um mundo que nossas escolhas sejam fruto do amor e não do medo e que a gente consiga expressar o que sente com toda nossa inteireza.

Com amor,

Carol